Tiradentes: herói ou bandido? Historiador explica o motivo do feriado nacional

Tiradentes foi enforcado em praça pública no dia 21 de abril de 1792, esquartejado e pedaços do seu corpo jogados por diversas regiões de Minas Gerais.

Créditos: Reprodução/Internet

Nesta quarta-feira (21) é feriado nacional, dia de Tiradentes. Joaquim José da Silva Xavier, conhecido pelo apelido de “Tiradentes”, consagrou-se por sua participação ativa na Inconfidência Mineira. Tragicamente, ele foi o único dos envolvidos no movimento a receber a pena de morte, uma vez que os outros envolvidos foram perdoados pela Coroa Portuguesa.

Conforme o historiador Maurício Paim, Tiradentes era de família humilde, mas uma pessoa muito sábia. Isso fez com que ele tivesse importante participação da Inconfidência Mineira, mesmo não estando entre os mais poderosos de Minas Gerais.

De acordo com Paim, Tiradentes se destacava por exercer inúmeros trabalhos ao longo de sua vida, como a de dentista amador, função que lhe deu o apelido. Ele também havia trabalhado na mineração, porém, foi no posto de alferes nos quadros da cavalaria imperial que Tiradentes alcançou certa estabilidade. Apesar da pouca instrução, ele era um republicano convicto e adepto dos ideais do Iluminismo.

O movimento dos inconfidentes, organizado em 1788, foi consequência do contato dos colonos brasileiros com os ideais iluministas divulgados na Europa, ideais que haviam, por sua vez, inspirado o movimento de independência dos Estados Unidos. Conforme Paim, eles buscavam separar a região das minas gerais da Coroa Portuguesa, assim deixariam de pagar os altos impostos cobrados pelo ouro minerado da região.

A cobrança de impostos, chamada de derrama, havia sido determinada por Portugal em razão das dívidas acumuladas dos impostos que não estavam sendo pagos. Isso desagradou os donos de minas e fez com que um movimento de independência começasse a criar força nos bastidores.

Tiradentes era um dos envolvidos na conspiração, pois, além de ser um defensor dos ideais iluministas, também havia sido prejudicado pela gestão do visconde de Barbacena ao ser destituído do comando da cavalaria, que fiscalizava uma importante estrada da região.

O movimento conspirado pelas elites mineradoras, entretanto, não chegou a acontecer. Todos os envolvidos foram denunciados por Joaquim Silvério dos Reis, que optou por denunciar o movimento para se livrar das dívidas pessoais que havia adquirido com a Coroa Portuguesa. Assim, em 1789, o visconde de Barbacena suspendeu a derrama e prendeu os envolvidos na conspiração – entre eles, Tiradentes.

Durante o período na prisão,  muitos dos presos negaram sua participação no movimento, com exceção de Tiradentes, conforme Paim, que reconheceu abertamente seu envolvimento.

A sentença dos inconfidentes saiu em 1792 e determinava a pena de morte por enforcamento a dez pessoas. Entretanto, por intermédio da Rainha Maria I, nove dos envolvidos na Inconfidência foram perdoados e expulsos do Brasil, enquanto a sentença de morte foi mantida apenas para Tiradentes.

Tiradentes foi enforcado em praça pública no dia 21 de abril de 1792, esquartejado e pedaços do seu corpo jogados por diversas regiões de Minas Gerais. Ainda, de acordo com Paim, a família dele foi perseguida durante anos.

Conforme Paim, sempre há a dúvida se Tiradentes foi bandido ou herói. Por isso a história dele tem dois contextos. O primeiro durante a época da Coroa, onde ele era considerado um traidor e foi condenado por lesar a pátria. Porém, cerca de 100 anos depois, quando houve a Proclamação da República, figuras importantes que lutaram pela independência do Brasil foram lembradas e daí vem o título de herói da nação, que Tiradentes leva até hoje, com feriado nacional lembrando a sua morte.

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